quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Stella

A Stella se casou com o meu irmão quando ainda tinha 17 anos. Ela nasceu em Poconé no Mato Grosso, onde conheceu o meu irmão desde pequena. Quando tinha doze anos, ele disse ao meu irmão: “Eu vou casar com você”. Meu irmão é pouco mais de 10 anos mais velho do que ela. Eu sou grato a Stella especialmente pela Melissa, que nasceu um ano antes da morte de meu pai. Ele sempre quis um neto, e o nascimento dela foi um dos últimos grandes momentos de felicidade junto da família. Gerson e Stela se casaram como manda o figurino: em um altar construído na nossa fazenda. Papai mandou matar dois bois para o churrasco e o pai da Stella contratou até banda para tocar ao vivo. Eu estava lá, terninho feito sob medida assando no calor de 40 graus do nosso querido estado do Mato Grosso.

O meu irmão nunca chegou a se formar. A sua trajetória obvia, segundo ele mesmo pensava, era tomar conta dos negócios do nosso pai. Por essa razão desde de cedo foi para o campo com o velho. Minha mãe quis que eu estudasse e eu me graduei em direito pela UFMT. Mas nunca quis saber de exercer a profissão (jamais prestei a prova da OAB). Sempre achei que o meu negócio eram as artes plásticas, por isso vim para São Paulo estudar na Faculdade de Belas Artes, próxima ao apartamento da minha avó. Como minha avó morava sozinha desde o falecimento no meu avô em um apartamento de quatro quartos em Higienópolis, era melhor que eu me instalasse lá. Fiz dois anos de faculdade a abandonei quando o meu pai faleceu. Fiquei em Poconé alguns meses com minha mãe. Mas já sabia que meu lugar era em São Paulo. Dois anos depois o Gerson e a Stella vieram para cá. Eles queriam que a Melissa estudasse em uma boa escola. Além do mais dava para administrar a fazenda daqui mesmo sem muitos problemas. Compraram um apartamento no mesmo prédio da minha avó. Acontece que o Gerson, fora o período em que esteve com a Pâmela, ficava mais no Mato Grosso do que aqui, e a Stella acabava ficando muito sozinha. Acabamos nos tornando grandes amigos eu até passei a freqüentar a piscina do meu prédio, onde ela ia todos dias levar a Melissa. Eu já a tinha visto de biquíni inúmeras vezes e admirava o corpo que ela tinha. Ela era um dessas mulheres de físico formado, que faz academia todos os dias, e está sempre em forma. Corpo de cabocla como a minha avó dizia. Diferentemente do modelo magreza paulistano: Stella tinha carne. Logo apareceram uns urubus que começaram a descer só para vê-la. Um dos mais freqüentes era um garoto de uns 17 anos chamado Bruno. Eles se tornaram mais próximos em um período que eu estava vivendo na balada, trocando o dia pela noite. Já que eu raramente aparecia para fazer companhia, lá estava o tal Bruno na tarefa de diverti-la. Um dia o porteiro deu a fita: “Fica de olho na mulher do teu irmão. Acho que estão passando ele para trás”. “Como é que é?” “É sabe como é. O sujeito não dá assistência, abriu para a concorrência”. “O que você está falando?” “Tem gente aqui no prédio comendo grama no curral alheio. E a vaca também, com todo respeito à sua cunhada”. “O que?” “Olha só, outro dia o zelador viu os dois no vestiário, enquanto o nenê estava lá na piscina. Eu já vi pela câmera umas duas vezes. Mas o camarada é esperto, ele desce pela escada de serviço que lá não tem câmera.” “Como você sabe disso tudo?” “Eu sou porteiro, olha só. E porteiro sabe de tudo o que acontece no prédio”. Na hora, não me deu raiva de ela estar traindo o meu irmão. Meu deu muito ciúmes de aquele Zé Mané estar comendo a gostosa da minha cunhada e não eu.

Bom, o cara estuda de manhã e a Melissa também. À tarde os dois ficam lá na piscina a tarde inteira. Pode ser que se encontrem depois que a Melissa dorme. Como faço para pegar esse cara no flagra? Passei a ficar mais atento: todos os dias o tal Bruno ia para a escola. Pedi ao porteiro para me avisar caso ele voltasse. Do mesmo modo, a Stella levava a Melissa na escola e voltava para casa. Às tardes de ambos eram sempre na piscina quando ela não levava a filha ao shopping. À noite eu e minha avó passamos a montar guarda variávamos. Um dia o porteiro fez mais uma das suas: “Aí, tá vigiando o peixe errado. Não é o peixinho, mas o peixão. O filho fica com a sua cunhada no vestiário. Mas o pai todos os dias finge que sai com o cachorro e vai fazer cachorrada com a tua cunhada, com todo o respeito. Compreendeu”. No Natal, meu irmão dera a maior caixinha que os porteiros do prédio já tinham recebido. Ao que disseram, o cara do 155 não deu um centavo. No Dia seguinte, tocou o interfone: “Vai lá na tua cunhada agora.” Pequei o interfone e liguei. Demorou um tempo até que ela atendesse. Disse que queria dar uma passadinha lá. Ela disse que estava saindo do banho e que era para eu descer daqui uns minutinhos. Voei pela porta dos fundos e desci as escadas em disparada. Depois de alguns minutos a porta se abriu e antes que o pai do Bruno pudesse sair, eu entrei. Ele ainda estava sem camisa e com um yorkshire no colo, ela ainda estava nua. Pedi para que o camarada se retirasse para que pudesse conversar com ela. Ele tentou falar qualquer coisa, mas eu gritei firme e forte: “Sai! Agora!”. Ela ali nua, sem ter com o que se cobrir começou a chorar e soluçar. “Pelo amor de Deus, não conta para o Gerson. Eu faço que você quiser”. “Esse seu amante vem todos os dias?” Quase engasgada ele acabou dizendo que não. “Que dia ele não vem?” “Na terça.” “Tudo bem. Então, terça-feira fica sendo o meu dia, até meu irmão voltar. Ah, e se depila que eu não gosto de xana cabeluda.”

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